terça-feira, 1 de abril de 2014

Como tudo começou...

0


Relato de parto.

eu sempre quis um parto normal, nunca cogitei a possibilidade de escolher uma cesarea. primeiro pq me incomoda esse negócio de escolher o dia em q alguém vai nascer... acho q o neném é q tem q dizer q tá afim de vir ao mundo. além das implicações astrológicas, né? segundo pq não tenho interesse algum numa cirurgia desnecessária. não vou dizer q não tinha medo do parto normal. pra uma control freak como eu, a experiência do parto é assustadora... mas eu quis muito passar por isso.
qd engravidei procurei uma obstetra q eu confiasse e q não fosse me enrolar e me indicar uma cesarea. mas o difícil era achar alguém assim dentro do plano de saude. já ouvi q é impossível, mas eu acho q encontrei sim. a Dra Flavia foi indicada por uma amiga querida e, apesar de não se entitular "humanizada", tinha a mesma visão q eu sobre os procedimentos e o parto normal. ela mesma estava gravida e me contou q queria parir dessa forma. mas desde a primeira consulta ela deixou claro os limites dela: ela não fazia parto normal com bebê sentado e não induzia se o bebê tivesse mais de 3,800kg. me explicou os porquês e os riscos. também me avisou q aguardava pelo TP até 41 semanas e 3 dias.
nunca passou pela minha cabeça q eu não entraria em trabalho de parto. depois q o Helinho ficou de cabeça pra baixo (depois de 1 mês sentadinho), achei q td tinha se resolvido.
com 39 semanas o Helinho tava com peso estimado de 3,860, já fui ficando tensa. chegamos a 40 semanas e nada. contrações de BH, sem dor, desde a 20ª semana, mas nada de novo. 41 semanas e nada. nem tampão eu perdi, nem 1 milímetro de dilatação, bebê não encaixava... eu tava cheia de dores já, na coluna, na pelve, no ciático. na vespera de completarmos 41 sem foi nossa ultima consulta e a Dra nos deixou super a vontade pra buscar outro profissional q topasse o PN nessas condições, mas eu não quis. confiei nela desde o começo, aceitei os limites q ela tinha imposto, não tinha nenhum pique de procurar outro médico àquela altura do campeonato.
ela nem deixou a cirurgia agendada. falou preu relaxar durante o fim de semana e, se nada acontecesse até a segunda feira q eu ligasse pra ela e ficasse em jejum desde o almoço.
infelizmente nada aconteceu no finde. fui no clube nadar na piscina, fizemos um piquenique na floresta, tentei relaxar, mas não adiantou... segunda feira chegou.
a gente até acordou animado. por mais q eu estivesse triste, pelo menos sabíamos q era naquele dia q conheceríamos o Helinho! mas eu estava com MUITO medo da cirurgia.
a Dra marcou pra 22h30 e disse pra gente chegar lá umas 18hs. avisamos aos amigos e a familia e nos preparamos. saimos de casa sem a bola de pilates q eu tinha comprado pra usar durante o TP. eu estava estranha. ansiosa, com medo, decepcionada, feliz, tudo junto.
fomos pro quarto da maternidade, coloquei a camisolinha q deixa a bunda de fora e ficamos esperando a hora e o maqueiro vir me buscar. frio na barriga enorme. as pessoas começaram a chegar, eu acompanhava pelo whatsapp a movimentação dos amigos e da minha familia. teve uma galera q foi esperar no bar, rs.
acho q já eram quase 23hs qd o maqueiro apareceu. mais frio na barriga. fui pra maca, me despedi da minha mãe e do meu irmão, e seguimos eu, Heitor e Iafa (minha amiga fotógrafa).
me deixaram numa antesala das salas de cirurgia e os dois ficaram do lado de fora. uma enfermeira fofa veio me mostrar a carteira de vacinação do Helinho e me levaram pro centro cirurgico.
lá dentro já estava o pai da Dra Flavia, q costuma operar com ela, e o anestesista. eles conversavam sobre a morte da bezerra, enquanto eu estava tremendo na mesa. o anestesista me perguntou qt eu pesava, furou minha mão pra colocar o soro e pediu q eu ficasse de lado com a cabeça bem encostada no peito e as pernas dobradas. foi qd a pediatra, Dra Cibeli, chegou e me ajudou com essa posição. eu lembro de uma coisa boba, ela me fazendo um carinho no braço e foi a primeira vez q eu não me senti objetificada desde q tinha subido naquela maca. a Dra Flavia tb já estava lá e foi me explicando o q ia acontecer.
a anestesia não doeu, como eu temia. foi uma picadinha q acabou bem mais rapido do q eu esperava. é uma sensação estranhíssima não sentir seu corpo. eu via as enfermeiras levantando minhas pernas, mas a sensação q eu tinha é de q minhas pernas estavam paradas. bizarro. botaram um monte de pano em cima de mim e Heitor e Iafa entraram.
ele ficou de mãos dadas comigo o tempo todo, foi bom. eu sentia q meu corpo estava sendo balançado, mas só.
não sei qt tempo passou, só lembro qd alguém disse: vai nascer! eu pensei em pedir pra abaixar o pano, mas tive medo. alguém falou q ele era grande, empurraram a parte de cima da minha barriga. disseram: uma circular. Heitor foi olhar. de repente, um choro! forte, forte. de dentro dos pulmões! cadê meu filho??
foi quando a pediatra apareceu com ele. primeiro de longe. eu achei o bebê estranho. não rolou aquele amor instantâneo. meu primeiro pensamento foi: ele tava dentro de mim? mas eu não conheço ele.
segundos depois ele veio pra mim. grudaram ele no meu rosto e eu senti o cheiro dele, ele sentiu o meu e parou de chorar. colocou a maozinha na minha boca e eu, sem pensar, dei uma chupadinha naqueles dedinhos. agora sim. meu neném, meu filho. quero mais!
levaram pra examinar melhor, ganhou apgar 10/10, foi empacotadinho e voltou pro meu peito. lambeu um pouco do colostro. mas eu tava dormente da anestesia, com um braço imobilizado pelo soro e o outro com o monitor cardiaco, chato. eu queria segurar ele... não dava.
Heitor levou ele embora pra conhecer todo mundo. eu fiquei pra ser costurada. chato. objeto de novo. mexiam em mim, eu não sentia, mas via meu corpo jogado prum lado e pro outro. me limparam e levaram pro quarto. minha mãe já estava lá. eu tremia muito, como se estivesse morta de frio. mas eu estava feliz. queria meu neném logo.
Heitor chegou, me contou da festa q foi lá embaixo, me mostrou mais fotos do pequeno e ficamos na expectativa dele subir pra ficar com a gente. infelizmente isso só aconteceu quase as 5am (ele nasceu as 23h24).
minha recuperação foi chatinha. senti dor por quase 2 semanas, ao lado da cicatriz. tive problemas pra amamentar na primeira semana e o bebe chorava muito. isso somado ao nervoso e um corpo recém operado me fizeram ter nauseas e não conseguir comer direito por dias. eu chorava de cansaço.
tudo melhorou no 5º dia, depois q fui no banco de leite do Fernandes Figueira, por indicação da obstetra, e ele começou a mamar direito. passei o dia com ele no quarto conhecendo o meu pequeno, dando de mamar e dormindo.
hj ele fez 20 dias. todos os dias são de pequenas vitórias e é muito muito amor. sinto saudade qd ele está dormindo.
meu parto não foi emocionante, nem poético, nem nada. pra uma cesarea, até q foi melhor do q eu esperava. mas é só isso. continuo achando insano quem opta por isso.
só q hj, eu olho pro meu filhote, e não tenho arrependimentos. eu queria o parto normal pq era o melhor pra mim e pra ele. ele está ótimo, nasceu super saudável, então tá bom pra mim tb.

oi, seu pai tem boi?

0 comentários:

Postar um comentário